sábado, 5 de noviembre de 2011

Arte rupestre descoberta em três locais diferentes do alto Côa

04.11.2011. Segundo Marcos Osório, arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal, entre 2004 e 2010, foram localizados quatro painéis de gravuras em três locais distintos do concelho, onde nasce o Côa, que são agora divulgados na revista "Sabucale", editada pela Empresa Municipal Sabugal+.

"As gravuras do Côa vão desde o período do Paleolítico até a épocas históricas mais recentes, e estas estão apenas circunscritas a uma cronologia restrita, em torno da Idade do Bronze Médio ou do Bronze Final, no II milénio a.C. (antes de Cristo)", revelou.

Dois achados foram localizados na localidade de Vilar Maior, um em Bendada e outro em Pousafoles do Bispo, acrescentou. "As representações não são figurativas, com animais, como as mais famosas e antigas do PAVC, mas são de caráter geométrico e esquemático: espirais, meandros, círculos, reticulados", explicou.

O responsável considera que os achados são importantes para o concelho e para a região, pois não se conheciam representações de arte rupestre dentro dos limites do município, que dista 65 quilómetros do sítio da Faia (Cidadelhe, Pinhel), "onde se encontra o núcleo meridional das gravuras do Vale do Côa".

A primeira gravura foi encontrada em 2004, em Vilar Maior, localidade dista quatro quilómetros do Côa, "no desmonte de um muro nas traseiras do museu", referiu.

A segunda, na mesma localidade, em 2008, junto do castelo, "no decurso do acompanhamento arqueológico de obras na freguesia, pelos arqueólogos do gabinete municipal".

Em 2010, devido à instalação de parques eólicos na parte poente do concelho, os arqueólogos responsáveis pelos Estudos de Impacto Ambiental e pelo acompanhamento das obras, fizeram dois novos achados nas freguesias de Pousafoles do Bispo e de Bendada, "em áreas de relevos sinuosos, já na bacia hidrográfica do rio Zêzere", salientou. Segundo Marcos Osório, os quatro painéis de arte rupestre estão gravados no granito e apresentam "figuras isoladas" ou aparecem "completamente saturados" com gravuras. "Situam-se cronologicamente no mesmo intervalo de tempo, entre o II milénio e o I milénio a.C.", disse, referindo que os desenhos são "de difícil interpretação".

Lembrou que a prospeção arqueológica, desenvolvida nos últimos anos por iniciativa do gabinete municipal e por diversos investigadores, não tinha ainda possibilitado a identificação de pinturas ou gravuras de cronologia pré ou proto-histórica na zona do Sabugal e do alto Côa.

No entanto, com os achados agora revelados, o cenário mudou: "Em poucos anos, ampliámos o conhecimento das manifestações artísticas e simbólicas das comunidades proto-históricas, neste concelho", disse Marcos Osório.

Lusa

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